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A burocracia dos afetos

 A burocracia dos afetos nos afastou. Onde já se viu ter plano de carreira para as relações? As relações acontecem em sua própria práxis. Prever os acontecimentos, colocar os sentimentos em planilhas...  Como, meu caro companheiro? Íamos bem. Estava me despindo por inteiro, quando a burocracia do seu afetou me acanhou. Não sabia mais o quanto estava sendo eu,  o quanto estava cumprindo a burocracia.

Sentimento de doer

  Caro ..., Escrevo porque me perco em sentimento de doer. Não sei o porquê se foi. Nem sei o porquê veio. Foi difícil receber aquela mensagem. Foi difícil me abrir. Mas era a sua voz, a sua determinação em que criei uma paixão. Não entendi o porquê de tanta paixão sem compaixão. Menino doce e educado, se dizia de boa família, já não sei o que dizia. Frustrações  Impressões Atenções De repente, tudo mudou. Confusa, perguntei, me expus. Fui retirada! Não sei o porquê veio. Nem sei o porquê se foi. Foi difícil escrever essa mensagem. Foi difícil me fechar. Não compreendi o porquê de tanta emoção se não houve tanta paixão. Menina gentil e simpática, sempre se dizia de bons amigos, mas era na família ocultada, que o berço se fazia guia. Satisfações Expressões Educações

Hilda: a professora dançarina que se encantou.

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Dia 27 de junho de 2021, à noite, recebi a notícia que a nossa querida Hilda Lontra havia se "encantado" (nas palavras de Guimarães Rosa), "expirou" (nas palavras de Machado de Assis). Hilda foi uma de minhas professoras preferidas em minha graduação em Letras e provavelmente de muitas outras pessoas também. Por que Hilda era tão querida? Ela era a sapiência em pessoa, o amor e a generosidade materializados.  Em sua aula de modernismo, tivemos contato não só com os três famosos heterônimos de Fernando Pessoa, mas com a narrativa magnífica que somente quem vivia a literatura, e não apenas estudava, podia nos passar. Lembro dela contar sobre os 108 heterônimos de Fernando Pessoa, lembro dela me apresentando a grandiosidade de Floberla Espanca, foi quando conheci Ana Cristina Cesar e compreendi a grandiosidade de Elisa Lucinda.  No dia que fui apresentar meu seminário, fiquei muito nervosa, lembro de dizer para ela que ficava muito sem graça em falar para ela, por ente

Para amar sem mar

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  De onde você é? Eu . Sou de uma terra seca, onde os ventos são uma dádiva e a beleza está na sinuosidade de suas árvores ressequidas.  Uma terra em que as flores brotam na improbabilidade ordinária dos restos humanos e que a funcionalidade da burocracia opera na virtude deteriorada dos valores sociais que constituem o empoderamento humano. Lá, em minha terra, a fumaça das queimadas odorizam os ventos e acinzentam o colorido horizonte.  Mas, com seu céu vislumbroso, minha terra se impõe em Por o Sol e se deslumbra ao alvorecer.  Pois, é na grandiosidade de seu horizonte que a firmeza de seu concreto desperta o sentimento de AMAR sem MAR. Sem MAR, mas com POESIA. Sendo, nas curvas das nuvens, o alvorecer do calango destemido em seu POER cotidiano. É de lá que eu sou...   Fotografia e texto por Sinara Bertholdo

O cantador é o fotógrafo

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Hoje eu acordei com a foto do Carlos Moura.   A imagem de mil palavras! Ontem recebi de um amigo a canção Saga da Amazônia do álbum cantoria com Elomar, Vital Farias, Geraldo Azevedo e Xangai. Abaixo do link da música, meu amigo escreveu: "essa música nunca foi tão atual quanto agora...". Coloquei a música para tocar. "só é cantador quem traz no peito o cheiro e a cor de sua terra a marca de sangue de seus mortos  e a certeza de luta de seus vivos" Ao ouvir, hoje, essa primeira parte da cantoria, depois de já ter visto a foto de Carlos Moura, ouvi a imagem do fotógrafo cantador. Em um olhar preciso, de fé e foco amolado, o instante nada decisivo foi capturado. A imagem que representa o Brasil foi retratada. Não fui eu que disse, foi Felipe Neto em sua análise "tweetal": "a foto do ano". Que ano? Fiquei cá me perguntando.  Talvez de anus, ops, quis dizer anos: 1500 até a atualidade. O que importa?  Carlos Moura trouxe no olhar o cheiro e a cor de

A genialidade da mulher macho SIM SENHOR

Luiz Gonzaga era pernambucano.  Gonzagão fez questão de enaltecer a força da mulher paraibana.  Agradece a pequenina, referindo-se tanto a região da Paraíba (que é menor que o território de Pernambuco) quanto a figura feminina paraibana.   Ao pensar em 'Paraíba masculina, Mulher Macho, SIM, SENHOR', hoje me vem a cabeça duas figuras brasileiras: Maria Bonita e Juliette Freire. Juliette Freire renasceu a ideia de pertencimento. Ela atravessa os diversos femininos e isso é a genialidade da mulher macho, sim, 'sinhô'! Juliette é genial em seu jogo comportamental dentro do Big Brother Brasil 2021 porque ela é o próprio Show de Truman (quem não entendeu a referência é só assistir o filme com o mesmo nome).    Ela é a enganada!   E aí,     "Quando a lama virou pedra E mandacaru secou   Quando o 'ribação' de sede Bateu asa e voou"   Ou seja, quando ela é enganada. rejeitada. humilhada. discriminada. a "lama virou pedra; o mandacaru secou"; Juliette

Ah! se minha mãe estivesse aqui

No meio dessa pandemia, muita coisa estranha anda acontecendo. Não consigo parar de pensar em minha mãe, como eu queria o colo dela agora. Perder uma mãe é sempre difícil, para uma filha única mulher tem ainda outro significado, entender quem sou eu nisso tudo sem ela. Minha mãe faleceu em 2018, ela já vinha com Alzheimer e eu vivia meus processos de casamento e separação. Uma loucura! Quando a separação veio e minha vida profissional parecia voltar para os eixos, ela pegou uma pneumonia, sim, PNEUMONIA, doença bem parecida com os problemas desse Covid-19 e faleceu depois de um mês. Um mês de idas, vindas, cansaços e esperanças que a morte cessou. Naquele período sentia tantas dores que fiquei um tempo anestesiada, parecia que na verdade nada sentia. Agora, dois anos depois de toda aquela situação, vejo a humanidade passando por tudo isso, mortes respiratórias diárias aos milhares. MEDO. PAVOR. SUFOCO. Nossa, que sufoco! Esse é o termo para tudo isso que está acontecendo