Amor, que porra é essa?

Sempre seguir as palavras do meu mestre poeta Drummond:
PALAVRA AMOR

NÃO FACILITE COM A PALAVRA AMOR.
NÃO A JOGUE NO ESPAÇO, BOLHA DE SABÃO.
NÃO SE INEBRIE COM SEU ENGALANADO SOM.
NÃO A EMPREGUE SEM RAZÃO ACIMA DE TODA A RAZÃO (E É RARO).
NÃO BRINQUE, NÃO EXPERIMENTE, NÃO COMETA A LOUCURA SEM REMISSÃO DE ESPALHAR PELOS QUATRO VENTOS DO MUNDO ESSA PALAVRA QUE É TODA SIGILO E NUDEZ, PERFEIÇÃO E EXÍLIO NA TERRA.
NÃO A PRONUNCIE.

Mas de repente, não mais do que de repente a procunciei. Quando percebi já a tinha dito, e agora José? Como faço? Volto atrás? À todo momento tento voltar atrás. Não quero sentir, não quero sonhar, não quero...
Mas Quero, quero sentir, quero sonhar, quero resignificar a palavra AMOR.
Quero resignificar para o outro, para que o outro, que tanto já a pronunciou a resignifique, a reestruture...
Sofro por amar, apesar de acreditar que amar não é Sofrer.
E ai me pergunto: será amor? ou será somente vaidade?
Me recolho diante da minha dúvida, do meu sentir, dos meus ciúmes, do meu EU.

E ai me lembro de outro poeta que disse: "É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã", mas para Amar é preciso dizer?
As palavras me incomodam, o dizer me incomoda.

Será que vale a pena? Logo eu que sempre achei que sempre valia a pena.
Talvez só valha a pena com pena de alguém.
Talvez o amor só exista para nos mostrar o quão NADA somos diante de tudo.

Eu que sempre caminhei solitária, sem grupos, sem rótulos, sem tribos.
Eu que sempre caminhei acompanhada da razão, dos pensamentos, da canção.
Por onde irei caminhar agora?
Agora que Sou um Nada à procura de Tudo.

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